ATA DA SEXTA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 06-5-2003.

 


Aos seis dias do mês de maio do ano de dois mil e três reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e quinze minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear o Dia das Mães, nos termos do Requerimento nº 051/03 (Processo nº 1174/03), de autoria da Mesa Diretora. Compuseram a Mesa: o Vereador Elói Guimarães, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, em exercício; o Senhor João Antonio Dib, Prefeito Municipal de Porto Alegre, em exercício; o Senhor Horlando Ortega, Cônsul Honorário da Colômbia; o Senhor Júlio César Machado da Silva, Presidente da Associação Cristã de Moços de Porto Alegre - ACM; o Padre Roberto Paz; o Pastor Douglas Wehmuth; o Rabino Mendel Liberow; o Vereador Ervino Besson, 2º Secretário da Casa. Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças do Senhor Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre, e da Senhora Mariur Tedesco, esposa do Senhor João Antonio Dib. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, em continuidade, transferiu a presidência da presente Sessão à Vereadora Maria Celeste, que concedeu a palavra aos oradores que discursariam na tarde de hoje. O Padre Roberto Paz, saudando as mães presentes pelo seu dia, leu o texto intitulado “Pelo Direito Irrenunciável de se Ter uma Mãe”, onde Sua Reverência enfatiza a importância do amor, do carinho e do aprendizado propiciado pelas mães no seio da família, bem como destacou a necessidade de reflexão sobre o significado do Dia das Mães como um momento de celebração da vida. O Rabino Mendel Liberow discorreu acerca da relevância do papel da mãe não só na essência do lar, mas no contexto global da sociedade. Nesse sentido, explicou, à luz dos ensinamentos bíblicos, que a bênção divina é dirigida à humanidade através das mães e afirmou que um dia especial dedicado a elas faz com que as pessoas lembrem com mais atenção da figura materna. O Pastor Douglas Wehmuth, lembrando encontro religioso que teve recentemente com um grupo de mulheres da comunidade luterana, com a finalidade de debater questões que afligem as pessoas atualmente, teceu considerações sobre o valor representado pelas mães no dia-a-dia das famílias e sustentou a opinião de que reside em Deus a esperança para superar as dificuldades cotidianas. Na ocasião, a Senhora Presidenta registrou a presença da Senhora Sílvia Severo, representante da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Segurança Urbana e, após, foi dada continuidade às manifestações dos oradores inscritos. O Senhor Júlio César Machado da Silva, justificando ser o Dia das Mães, na opinião de Sua Senhoria, a data mais importante do ano, pela idéia de ternura que carrega em seu significado, reportou-se à instituição dessa data no transcorrer da história, relatando que, em mil novecentos e dezoito, a Associação Cristã de Moços comemorou pela primeira vez no Brasil esse dia. A seguir, foi realizada a apresentação artística do cantor Carlos Eduardo, que apresentou as músicas “Deus, Somente Deus” e “Sempre”. Em continuidade, a Senhora Presidenta concedeu a palavra à Vereadora Margarete Moraes que, em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre, se manifestou relativamente ao Dia das Mães como um momento de amor e, ao mesmo tempo, de reflexão em função das responsabilidades que as mulheres têm hoje em dia nas diversas atividades profissionais e domésticas que desempenham. A seguir, a Senhora Presidenta convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e um minuto, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Elói Guimarães e Maria Celeste e secretariados pelo Vereador Ervino Besson. Do que eu, Ervino Besson, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o Dia das Mães. Nós queremos saudar a todos e em especial as mães presentes. Compõem a Mesa o Sr. João Antonio Dib, Prefeito em exercício e Presidente desta Casa; Ex.mo Sr. Dr. Horlando Ortega, Cônsul Honorário da Colômbia; Sr. Júlio César Machado da Silva, Presidente da Associação Cristã de Moços de Porto Alegre; Padre Roberto Paz; Pastor Douglas Wehmuth e Rabino Mendel Liberow; estão presentes também a Sr.ª Mariur Tedesco, esposa do Vereador João Antonio Dib, Presidente desta Casa e Prefeito em exercício; Sr. Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Ouve-se o Hino Nacional.)

 

Por decisão da Mesa da Casa, quem vai dirigir os trabalhos da presente Sessão em homenagem ao Dia das Mães é uma mãe Vereadora, Ver.ª Maria Celeste, a quem eu peço que venha assumir a direção dos trabalhos para a presente Sessão. Também registro as presenças da Ver.ª Margarete Moraes, do Ver. Beto Moesch, do Ver. Ervino Besson e Ver. Wilton Araújo. Às mães o nosso respeito, a nossa admiração e o nosso profundo amor e agradecimento.

 

(A Ver.ª Maria Celeste assume a presidência dos trabalhos.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): É com grande alegria que representamos a Mesa Diretora da Casa, e com uma alegria maior ainda que o nosso Presidente da Casa, que está conosco, hoje, vem representando a Prefeitura de Porto Alegre. Então nós temos uma grande responsabilidade nesta Sessão Solene que homenageia as mães, mulheres da cidade de Porto Alegre.

O Padre Roberto Paz, da Paróquia Nossa Senhora da Paz, está com a palavra para dar a benção em homenagem às mães.

 

O SR. PADRE ROBERTO PAZ: Ex.mo Prefeito, Ver. João Dib, Digníssima Presidenta desta Sessão, Ver.ª Maria Celeste, na figura dos dois, quero também saudar fraternalmente a todos os membros e participantes deste bastião das liberdades civis e democráticas que é a Câmara Municipal de Porto Alegre, em especial uma saudação muito carinhosa às mães. Queria partilhar e deixar a consideração desta assembléia este texto, um texto de reflexão, que se intitula “Pelo Direito Irrenunciável de se ter uma Mãe”. (Lê.)

“Num mundo que parece ter perdido a magia e a fantasia, onde predomina o pensamento único, no qual parecem despontar idéias malucas, como clonar e xerocar seres humanos, quando nascer enlatados como sardinhas à moda dos humanóides de ‘Um Admirável Mundo Novo’ de Huxley, já não pertencerá mais a literatura de ficção eu levanto meu brado resistente e dissonante: queremos mães!

Sim, porque só delas aprendemos, na tapeçaria policroma e maravilhosa que elas tricotam com os gestos e afazeres do dia-a-dia, o profundo e gostoso sentido da vida. Queremos mães! Porque temos o direito à ternura e a balbuciar na palavra mamãe o que é ser gente, o que significa ser pessoa. Queremos mães! Que nos ensinem que todos os filhos são iguais, que o ‘defeituoso’, o difícil ou o deficiente merecem ser acolhidos e tratados com amor e carinho, porque é a falta de afeto e de justiça que torna as pessoas violentas. Queremos mães! Que despertem em nossos corações a capacidade de surpresa, de encanto com as coisas da terra, de sonhar mundos alternativos e diferentes, onde possamos partilhar a vida e os bens como uma mãe os distribui na mesa. Porque, enquanto existirem mães, a vida estará garantida e defendida, a esperança será um verbo conjugado nas mil formas de amar, cada barraco ou casa se transformará num lar aconchegante, a solidariedade e a fraternidade humanas não ficarão como termos vazios e esquecidos.

Que o Deus não domesticado pelos traficantes das coisas sagradas, dos fundamentalistas da guerra, nos faça valorizar cada dia mais as nossas mães, como regaços de paz, de misericórdia, e da mais sublime humanidade, tão meigas e cheias de ternura como Jesus, o Filho de Deus e de Maria, que defendeu o direito a se ter uma mãe!”

Caríssimos circundantes, especialmente mães, gostaria que este dia não passasse em branco, mas tampouco fosse banalizado e fosse um momento sério de reflexão e, porque não dizer, um momento de celebração da vida, da esperança que vem de Deus. Que Deus as abençoe e as torne mensageiras desse amor que Deus quer dar por intermédio do vosso rosto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Agradecemos ao Padre Roberto Paz.

O Rabino Mendel Liberow, da Sociedade Israelita, está com a palavra para dar a bênção em homenagem às mães.

 

O SR. RABINO MENDEL LIBEROW: A minha saudação a todas as autoridades aqui presentes, principalmente às mães, autoridade de toda a sociedade.

A nossa tradição chama a mulher, a mãe, a essência do lar, a essência da casa, mas não apenas a casa no micro, no sentido pequeno, mas o lar de Deus, que é o mundo todo, assim definimos a mãe como a essência deste pequeno universo, que é o lar de todos, de toda a sociedade. Por isso, temos um dia dedicado às mães, pois, na sociedade de hoje, nós vivemos sempre atarefados, sempre correndo, na expressão que se diz: “estamos na corrida”, então precisamos de um dia para parar e lembrar. Mas, na verdade, dificilmente um ser humano esquece um dia sequer da vida dele que existe a mãe, que a essência da vida é a mãe.

Por isso, desde a época bíblica, a principal bênção que Deus dá para a humanidade e dirige isso para os seres humanos, é dirigindo para as mães de todos os lares, para todo o mundo, porque, por meio delas, é que vem a bênção e a felicidade para todos. É o nosso desejo para todos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Pastor Douglas Wehmuth, da Paróquia São Matheus, está com a palavra para dar a bênção em homenagem às mães.

 

O SR. PASTOR DOUGLAS WEHMUTH: Ex.mas autoridades desta Casa, convidados e, de uma maneira especial, queridas mães aqui presentes. Na comunidade, onde eu trabalho, no mundo luterano, nós temos uma porção de grupos pequenos que, sistematicamente, regularmente, se reúnem. Grupos onde pessoas das mais diversas idades, das mais diversas experiências profissionais, dos mais diversos mundos sócio-econômicos e políticos, se reúnem para poder falar a respeito da vida, para falar a respeito das suas dores, para falar a respeito dos seus sonhos, para falar a respeito das suas angústias e para falar a respeito das suas libertações.

Algumas semanas atrás, eu estive com um grupo constituído unicamente por mulheres, e todas elas mães. Era a primeira reunião do ano, foi no final de março, e a pergunta com a qual eu iniciei aquele encontro foi: “Queridas senhoras, queridas mães, qual é a palavra que melhor expressa o sentimento das pessoas dos nossos dias?” E foi interessante ouvir a resposta, ela veio muito rápida, ela veio de chofre e quase que unanimemente. Em coro, aquelas mulheres, aquelas mães responderam: “A palavra que melhor nos caracteriza é que nós somos mulheres e, especialmente, mães profundamente assustadas. Mães assustadas, mães perplexas, mães boquiabertas com o que acontece ao nosso derredor. E é óbvio que a minha pergunta seguinte foi: “Por que isso, senhoras? Por que isto, queridas mães? Por que toda esta perplexidade? Por que todo este sentimento de viver assustado e assustada?” E elas disseram: “É muito simples, Pastor. Olhemos ao nosso redor, quando nós ouvimos e quando nós enxergamos na televisão que um casal, que um homem e uma mulher, tendo um nenê no colo, atiram aquele nenê contra o pára-brisa de um automóvel, estilhaçando aquele pára-brisa em mil pedaços, então, nós, como mães, não temos outra oportunidade, não temos outra opção a não ser ficarmos assustadas”. E uma outra, em seguida, foi dizendo: “Ah, eu fico assustada, quando eu ouço dos meus filhos que uma das músicas que está na parada dos sucessos, em termos nacionais, é aquela música que reduz a mulher a uma ‘eqüina pocotó’”. E aí a mãe diz: “E o meu filho disse que as feministas, para se vingar, reduzem o gênero masculino a um ‘totó’. E fica aquela conversa: onde é que está a realidade da evolução, onde é que está a realidade do crescimento do ser humano? O que nós percebemos é uma involução. A mulher se transformando numa ‘pocotó’ e o homem se transformando num ‘totó’. Isso nos deixa assustadas, como mulheres e como mães. Nós ficamos assustadas, quando ouvimos que há uma novela que está na crista do sucesso, em termos nacionais,” diziam elas, “cujo título é ‘Mulheres Apaixonadas’, e, quando vamos verificar a realidade desta novela, nós não encontramos nenhuma das mulheres apaixonadas, nós encontramos mulheres doentes, mulheres que nunca amaram e que nunca foram amadas. Isso nos deixa assustadas. Nós ficamos assustadas, quando nós percebemos que um dos países mais ricos do planeta Terra, em nome de conquistar a liberdade para uma outra nação, não mede sacrifícios de vidas humanas, crianças são destroçadas, são estraçalhadas, velhos são esmagados pelos seus tanques, e tudo em nome da liberdade. Tudo isso nos deixa muito assustadas.” As respostas dessas mulheres foram de uma simplicidade tremenda, mas as respostas dessas mulheres mães foram de uma profundidade igualmente tremenda. O ser humano anda assustado. As mães que detêm esse sacerdócio tão especial que já foi cantado aqui desta tribuna, nesta tarde em que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre se transforma num templo, já falaram da sua importância na sociedade. Mas essas mães que têm um sacerdócio tão especial estão profundamente assustadas, boquiabertas. Qual é a palavra que nós temos para elas?

A terceira pergunta que eu fiz naquela reunião de algumas semanas atrás e com a qual eu quero concluir foi: “E agora, mães, como é que vocês conseguem sobreviver apesar de seus muitos sustos, apesar da sua perplexidade?” E aí uma das mães disse baixinho, mas disse com muita autoridade, disse com humildade, mas disse do coração, ela disse: “O que me faz suportar, o que me faz ir adiante, o que me capacita a ser uma mulher de esperança, o que me capacita a ser uma peregrina da esperança é que existe um Deus, um Deus que não está alheio a nossa realidade, um Deus que não está indiferente às circunstâncias que nós experimentamos, um Deus que nos carrega. Deus somente Deus é que nos faz ir adiante, apesar das nossas circunstâncias.” Mãe querida, Deus somente Deus é o Aio, no qual tu podes te sustentar, no qual nós podemos nos sustentar. Deus somente Deus, o Deus, que é anunciado na tradição judáico-cristã, é o Deus que está perto de todos que O invocam e, certamente, é o Deus que quer nos carregar nas nossas perplexidades. No Dias das Mães, nós queremos chamar a atenção para a esperança, para a esperança que vem de Deus e de Deus somente. Deus somente Deus. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Com a palavra, o Presidente da Associação Cristã de Moços de Porto Alegre, o Sr. Júlio César Machado da Silva.

 

O SR. JÚLIO CÉSAR MACHADO DA SILVA: Prestando minha homenagem à Maria Celeste, ilustre Vereadora que preside esta Sessão especial, eu quero dizer que para nós, da Associação Cristã de Moços, a data comemorada todos os anos como Dia das Mães é, realmente, talvez, a data mais importante. Dizemos até que o Dia das Mães é para ser comemorado todos os dias. E, realmente, de alguma maneira, quando às vezes a gente - como eu vinha comentando com o Padre Roberto - vê um dia específico, o segundo domingo de maio, que é comemorado no Brasil todo como Dia das Mães, às vezes isso nos dá a impressão de ser apenas uma data comercial. Mas até o próprio comércio, de alguma maneira, coloca alguma coisa a mais nesse dia. Então, quando, em maio de 1908, Anne Jarvis fez comemorar, talvez, pela primeira vez, nos Estados Unidos, esse dia especial, ela estava colocando algo mais de si para todas as mães.

Em 1918, a Associação Cristã de Moços de Porto Alegre teve a honra de, pela primeira vez, no Brasil, comemorar esse dia, por meio do seu Secretário Frank Long. Foi algo a mais que se colocou de coração para comemorar mais um Dia das Mães.

Em 1932, Getúlio Vargas instituiu, no Brasil, o Dia das Mães. Também foi algo de coração, temos certeza, para emprestar mais alegria a esse dia.

Temos, em todas as religiões, igrejas, comemorações especiais nesse dia. Para nós, católicos, em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara introduziu a comemoração desse dia na Igreja Católica.

Mas o que significa isso? Como foi colocado aqui, “mãe” significa “ternura”. Esse dia, ou quando se comemora especialmente essa data, como hoje, o Dia das Mães, nós estamos tentando, de alguma maneira, elevar o nosso coração e, de alguma maneira, abraçar todas as mães com carinho e amor. É o que tento transmitir a todas as mães aqui presentes, e, de alguma maneira, também transmitir o nosso carinho e saudades às mães que já não se encontram em nosso meio.

De qualquer forma, quero, em nome da Associação Cristã de Moços, transmitir esse afeto, esse carinho e também essas saudades. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Quero saudar a Sr.ª Sílvia Severo, que representa, neste ato, a Secretária Helena Bonumá, da Secretaria de Direitos Humanos, é uma alegria tê-la conosco aqui, companheira Sílvia; os Vereadores: Beto Moesch, Ervino Besson, Wilton Araújo, Pedro Américo Leal, Luiz Braz, que estão conosco nesta importante Sessão Solene nesta Casa.

Neste momento convidamos o cantor Carlos Eduardo para fazer uma apresentação, cantando as seguintes músicas: Deus, somente Deus e Sempre.

 

(Assiste-se à apresentação.) (Palmas.)

 

Muito obrigada, Sr. Carlos Eduardo.

Neste momento convido a Ver.ª Margarete Moraes para ocupar a tribuna; falará em nome das Sr.as Vereadoras e dos Srs. Vereadores desta Casa; com muita alegria e honra, a bancada feminina da Casa sugeriu que a nobre Vereadora fizesse este pronunciamento no dia de hoje.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quando se aproxima o Dia das Mães, imagens, sentimentos, declarações de afeto e de reconhecimento emocionam a todos, exatamente porque são as mães que geram a vida e acompanham o crescimento dos filhos e das filhas, primeiro de perto, bem próximo e, depois, sutilmente, de longe, as mães de diferente caras, diferentes crença e concepções de vida, elas sempre defendem com muita garra o direito à felicidade da sua prole.

As mães de hoje procuram-se realizar dentro e fora de casa; elas querem participar do mundo do trabalho em igualdade de direito e de tratamento, querem ter vida pública, mas não abrem mão da vida privada. No entanto, ainda têm um problema hoje, porque sofrem ainda de baixo auto-estima, porque nem sempre conseguem dar conta de tantas tarefas com perfeição e precisão.

Eu tenho a honra de vir à tribuna desta Casa em nome da Mesa Diretora, da bancada feminina e em nome dos Vereadores, compreendendo que o Dia das Mães é um momento de manifestação de carinho, de amor recíproco, jamais um dia de protesto, mas que também pode ser um momento para uma reflexão, porque são exatamente as mães que educam filhos e filhas, preparando-os para o futuro, para um mundo diferente, um mundo de valores solidários e de valores humanizados.

As mães de hoje defendem os direitos humanos das mulheres, das meninas, dos homens e dos meninos e, exatamente, até por serem mães, são democráticas, tolerantes e trabalham com mais sutileza, mas jamais aceitam que alguém possa ter seu corpo violado pela exploração ou pelo tráfico sexual.

As mães dos nossos dias rejeitam a idéia de que suas filhas sejam servas de quem quer que seja ou que, trabalhando em idênticas condições, recebam salários desiguais. As mulheres mães de nosso tempo procuram parceiros, companheiros, namorados, amigos que reconheçam sua igualdade e que respeitem as suas diferenças e sinceramente se esforcem para reformular antigas convicções.

As mães de nosso tempo - perdoe-me o grande Mário Lago, que fez uma bela e eterna canção - não enxergam nenhuma beleza em não ter o que comer e, orgulhosas, compartilham o suprimento de sua família, assim como não abrem mão do espaço reservado e necessário ao afeto, aos filhos e às filhas a uma singular intimidade, que é o seu maior bem. Sendo artistas, intelectuais, operárias, executivas, professoras, políticas, não importa qual a profissão, hoje elas conversam, confiam e, sobretudo, aprendem muito com seus filhos e com suas filhas e, mais do que presentes, no Dia das Mães, elas querem receber mensagens, recados, cartões, declarações de afeto, declarações de amor.

Ao homenagear as mães nesta Casa eu quero fazer uma referência a um conto do grande escritor Moacyr Scliar, que hoje merecidamente concorre a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Seu conto chama-se Peixes e Anjos, onde ele narra a história de pobreza, fome e miséria de sua avó e a dura luta que ela tinha para alimentar e vestir os seus filhos, ainda na Rússia. Quando não foi mais possível permanecer em sua terra natal, sonhava com o Brasil, sonhava com o calor do Brasil, com seu sol e com suas laranjas. Em uma tenebrosa travessia, mais de cinco semanas no Oceano Atlântico, na manhã em que avistaram a costa brasileira, não enxergou seu filho mais novo, Yânkele, para, depois de muita procura e angústia, constatarem que havia caído no mar, exatamente no momento em que ela havia olhado o novo mundo e tirado os olhos dele. Os demais filhos, desesperados, pensaram que ela não sobreviveria a tamanho desespero, mas ela não morreu; era mãe judia, tinha outros filhos e, graças a uma capacidade de trabalho e de organização, sustentou-os, deu-lhes educação e transformou-se em uma personalidade, tida pelos outros como realizada, com a missão cumprida. Embora jamais falasse no triste episódio, a família sabia de sua infinita dor; quando envelheceu, uma filha inventou-lhe a história de que Yânkele não tinha caído no mar, mas que um anjo o resgatara para os céus, seu verdadeiro lugar. Ela consentiu, mas permaneceu sem comer peixes até o final da vida.

Ao contar esta comovente história, nosso querido escritor presta uma homenagem às mães judias, brasileiras, italianas, árabes, africanas, não importa. Às mães amorosas, capazes de viver, sobreviver e de buscar sempre novos sentidos à vida.

Neste momento, mais uma vez, eu quero, em nome da Câmara de Vereadores, fazer outro agradecimento às autoridades eclesiásticas que, com grande generosidade, realizaram este ato ecumênico e nos deram essa bênção de paz. Muito obrigada ao Padre Roberto Paz, ao Pastor Douglas Wehmuth e ao Rabino Mendel Liberow. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Quero saudar também a presença dos Vereadores Reginaldo Pujol e Elias Vidal neste ato.

O Ver. João Antonio Dib havia alertado para que nós pudéssemos fazer uma saudação especial aos nossos representantes aqui da Mesa: ao Presidente da Associação Cristã de Moços, Sr. Júlio César Machado da Silva; às autoridades eclesiásticas: Padre Roberto Paz, Pastor Douglas Wehmuth e Rabino Mendel Liberow, mas acredito que as palavras da Ver.ª Margarete Moraes, ao final da sua saudação, muito bem representaram o pensamento da Casa. Muito obrigada a todos.

Neste momento convidamos todos os presentes para ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Ouve-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Agradecemos pela presença de todos e damos por encerrada esta bonita Sessão Solene que homenageia o Dia das Mães e traz uma importante reflexão para todos nós no próximo final de semana. Boa-noite a todos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h01min.)

 

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